sábado, 17 de janeiro de 2015

Diário de bordo do futuro



Acordei aquela manhã com o coração na mão e no lugar dele o que batia era um desejo: nunca mais voltar. Acho que todos passaremos por algo definitivo na vida e essa definição fará com que a gente mude totalmente a direção. "Nunca mais voltar" era o que eu repetia na frente do espelho, mais para me lembrar porque as minhas malas estevam prontas do que para confirmar a sentença. O fato é que a morte geralmente é o que faz a gente refletir, as vezes perder alguém é o choque que a gente precisa para acordar e perceber que uma vida estável não significa aceitar a "mesmice" dos dias e era isso que eu estava fazendo: aceitando a rotina. Ainda acreditava em intuição e a minha estava gritando por um caminho diferente, entrei naquele carro com a certeza de seguir, nada para perder, descobertas a fazer e meu filho em um caixão. Certamente meus pais aprenderiam a cuidar da loja sem mim, estava na hora de parar de servir. Cheguei ao novo, os olhos me cercando indicavam que uma novata era a novidade que a cidade pequena precisava, sem nomes e sem sentimentos dessa vez - só eu, meu carro, meus vícios e todo um passado para esquecer.




                 -   Diário de bordo do futuro (Parte I)

2 comentários:

  1. Adorei esse texto sério.com certeza irei seguir o blog. Eu criei um blog a pouco tempo, caso se interresse https://verbalizarse.wordpress.com

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